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A hora da verdade para Theresa May

COLUNA ZEITGEIST

Plano de um “soft Brexit” irritou muitas pessoas dentro do Partido Conservador e levou
às renúncias de Boris Johnson e David Davis.
É o começo do fim da premiê ou ela sai fortalecida para negociar com Bruxelas?

Theresa May explica seu plano para o Brexit no Parlamento britânico

A pergunta que fica depois das saídas de Boris Johnson e David Davis do governo
da primeira-ministra Theresa May é: ela terá o apoio necessário para levar adiante seu
projeto de soft Brexit ou será derrubada pelos hard Brexiters dentro do próprio partido?

Dito de outra maneira: as saídas de Johnson e Davis são o começo do fim do governo
ou, ao contrário, May sai fortalecida? Afinal, ela se livrou de dois dos maiores
oponentes internos da sua linha de negociação.

Até aqui, a falta de unidade no governo britânico foi um dos maiores entraves
nas negociações com Bruxelas sobre a relação entre a União Europeia e o Reino Unido
depois que este deixar o bloco, daqui a menos de nove meses.

Da perspectiva de Bruxelas, as saídas dos dois eurocéticos e o plano de um
soft Brexit definido pelo gabinete britânico dois dias antes, em Chequers, podem
significar que finalmente há um pouco mais de clareza e também consenso do
lado britânico. Isso é bom para May, que precisa convencer o outro lado
das suas propostas.

Porém, a premiê está muito longe de ter o partido unido em torno de si.
Seu soft Brexit desagrada a muitos conservadores,
que veem as propostas apresentadas por ela como concessões demasiadas.
Como disse Johnson, o plano de May vai transformar o Reino Unido numa
colônia da União Europeia.

Para os defensores de uma ruptura completa, May rompeu com o espírito do
referendo de 2016, com a ideia central de “recuperar o controle”, e está
tentando vender aos britânicos um “meio Brexit”.

Assim, ela está à mercê de uma moção de desconfiança do próprio partido.
Para isso bastariam as assinaturas de 48 rebeldes dentro das próprias fileiras.
Não deve haver dificuldades para eles alcançarem esse número, mas mesmo
assim há bons motivos para acreditar que não farão isso.

Em primeiro lugar, os brexiters não têm uma proposta alternativa clara ao
plano de May; em segundo, não há maioria para um Brexit hard dentro do
Parlamento britânico; e, por fim, a queda do governo May poderia significar
a ascensão ao poder dos trabalhistas, liderados por Jeremy Corbyn.

A parte mais difícil, para May, é outra: ela precisa agora conseguir convencer
Bruxelas de seu plano “pragmático e ambicioso” para o Brexit, que prevê manter
o Reino Unido no mercado de bens de consumo e produtos agrícolas, mas
sem relações estreitas no setor de serviços, que inclui os bancos e o setor
financeiro e responde por 80% da economia britânica. O plano também prevê
a livre circulação de trabalhadores altamente qualificados e estudantes.

A União Europeia já sinalizou anteriormente que não concorda com esse tipo
de proposta, visto em Bruxelas como “ficar só com o melhor”. O plano de May
pode até destravar as negociações, mas o resultado final delas continua
completamente em aberto – e um Brexit hard (a saída sem acordo)
continua sendo uma possibilidade.

A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de
contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão
mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.